Monday, May 31, 2010

Menos, menos

Está mais que provado que quando está sol, bom tempo, quando o termómetro sobe acima dos trinta graus as pessoas afastam-se da internet. E a antítese de menos tempo em casa é precisamente mais tempo na rua, a conviver com os amigos e aumento da boa disposição em geral.

Saturday, May 29, 2010

A maldição do escorpião de Jade

Juro que por vezes fico apavorada quando, alguns minutos depois de entrar no carro, olho para o pára-brisas e vejo um papelinho lá preso. Mas também não saio de propósito, aguento a incerteza e começo com a retórica.
Será uma multa ou não? Julgo que não estava em infracção ou estava? Será que me esqueci de algum sinal? De ver uma linha contínua amarela no chão? Parquímetro obrigatório? Enfim, ”gato escaldado de água fria tem medo” não é verdade?
Pois é, sou daquelas moçoilas com a sua cota parte de distracção ao volante. Mas adiante.
Assim que tenho oportunidade paro o meu veículo para ver então o que é. Esses papelitos em forma de quadrado com letras miúdas já me enganaram várias vezes. O último dizia assim: “professor Baraca, ilustre espiritualista e cientista…dotado de poderes ajuda a resolver problemas difíceis ou graves”. Meu caro professor Baraca um problema quando é grave é sempre difícil e vice-versa, entendeu? “Consulta à distância e pessoalmente”, uau! Ao reler estas frases vem-me de imediato à cabeça o filme « A maldição do Escorpião de Jade» de Woody Allen, em que durante várias noites o próprio Woody recebe um telefonema em casa de um hipnotizador e espiritualista meio excêntrico e totalmente exótico – tem sempre um escorpião com ele -, aliás são dois dos traços de personalidade comuns destes profissionais, e só através da voz consegue hipnotizar woody e levá-lo a cometer alguns assaltos. É um filme genialmente engraçado, como ao fim e ao cabo são estas personagens esotéricas que nos aparecem em papel no vidro do carro. Surgem do nada, nunca apanhei nenhum em pleno delito. Se alguém já apanhou que conte como são, imagino-os vestidos com mantas tigresas, ui! arrepia-se-me a pele só de pensar.
Outro: Mestre Fati, grande especialista, pode ler-se no papel “lé a sorte, ajuda a resolver problemas difíceis e graves o mais urgente possível”, tal e qual, com erros ortográficos e tudo à mistura, “pagamento após o resultado - facilidades de pagamento”. Ó meu amigo Fati, astrólogo, curandeiro internacional também aceita cartão de crédito?
Pergunto a mim mesma quantas pessoas irão nesta conversa chocha. Com o país a desabar financeiramente devido às políticas de austeridade acredito que existe quem se agarre a qualquer farsa disfarçada de gente. Acreditar é pois a palavra de ordem para quem passa os dias a preto e branco e quer mudá-los para cores. Não poderia estar mais de acordo com essa vontade, agora estupidez não admito nem que me paguem.
Estão à vontade mestres da espiritualidade, coloquem mais papéis no meu 307, dão um bocado de trabalho a levar para o ecoponto azul é certo mas antes isso do que multas. A minha esperança é que ajudem a dispersar os agentes junto dos lugares de estacionamento.

Tuesday, May 25, 2010

Dos mais belos poemas para enfentrar o regresso - ainda que pontual - da chuva

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco

Em todas as ruas te encontro, Mário Cesariny, in "Pena Capital"

Saturday, May 15, 2010

Coca-cola - 0:58

E porque não começar o fim-de-semana ao som dos The Beatles? Alguém recusa uma música forte? Esta junção perfeita de sons instrumentais com voz?

Friday, May 14, 2010

No fundo do mar

Às vezes pareço um golfinho a respirar, respiro tão intensamente. Ao olhar para umas imagens deste mamífero apercebo-me que alguém me faz ter este tipo de movimentos. É quase como mergulhar a cabeça e o corpo em água salgada e depois vir à superfície e voltar. Cá fora conto os segundos possíveis, um, dois, três, quatro e volto integralmente ao oceâno. Não consigo chegar à camada mais funda, só me consigo manter ao de cima.
Olho lá para baixo, fixando a retina numa linha imaginária que me conduz ao máximo da profundidade que o mar pode alcançar, ao limite. O fundo do mar é azul. É belo. Quero porém continuar a observá-lo daqui, deste lugar que é o equilíbrio.

Sunday, May 9, 2010

Quebra-cabeças

Itália. Amigas. Pizarias. Lisboa. Jornalismo. Lealdade. Reportagens. Ambiente. Fim do Mundo. Para já. No Ar. Além-fronteiras. Bom tempo. Miguel Esteves Cardoso.

Monday, May 3, 2010

Um balanço da última semana


E dita a Constituição Portuguesa que somos um estado laico. Quando se dá tolerância de ponto por causa da visita do Papa Bento XVI e quando na próxima semana se vai ter de parar literalmente por causa do roteiro do Sumo Pontífice, Lisboa - Fátima - Porto, o que se chama a isto?
Salta à vista o que muitos não querem admitir, o facto de em Portugal ainda haver um certo conservadorismo católico; acontece que está disfarçado numa aparente modernidade.
Trata-se, do meu ponto de vista, de um negócio pois infelizmente a fé é mais material do que espiritual. Quem lucra são os comerciantes, anúnciantes, hoteleiros e nunca o triste povo que entoa em uníssono Ave Maria.
Está instalado um clima de paz podre. Sócrates quer passar para segundo plano no campeonato de notoriedade da comunicação social e, convenhamos, para ele é bom acalmar as hostes. A teimosia é um adjectivo que lhe assenta na perfeição, a burrice também ao não recuar no investimento gigantesco nas obras públicas ou PINs (Projectos de Interesse Nacional). Se um dos melhores economistas portugueses, senão o melhor, Medina Carreira aconselha a colocar um travão nas despesas, a quem é que Sócrates quer enganar? Outrora tive uma opinião contrária ao que acabo de escrever. Contudo, muito tenho aprendido nos últimos tempos. Homens sábios ensinam-me que o poder corrompe/metamorfoseia as pessoas. Um professor deveras elouquente confessava, preocupado,"estamos à beira da bancarrota." O certo é que não encontro testemunho mais incisivo e dilacerante para justificar Portugal economicamente.

Estou a lê-lo, em Budapeste. Para além do livro as letras são deliciosa poesia, não acham?

Domingo à tarde

Tenho a certeza de que todos já passaram por uma crise domingueira, do género querer um momento de puro ócio e não saber nem como nem onde. Porém quando se sai de casa isso logo passa. Não há melhor remédio que sentir a temperatura exterior e contactar com a natureza. Ora foi exactamente o que fiz hoje.
Como a minha preparação física já teve melhores dias fui tentar desemperrar a coisa. Onde? Jamor, Parque Urbano do Jamor, um espaço com um espelho de água agradável à vista onde à sua volta existe uma pequena pista de corrida – jogging vá lá. Neste Parque existe também um ginásio ao ar livre com algumas máquinas de manutenção, fora os campos de relva para fomentar a prática de desporto, cheios de jovens por sinal.
Eis senão quando a meio da minha corrida me apercebi que estava a decorrer o Estoril Open 2010, naquilo que pareciam ser umas bancadas improvisadas em altura(à pinha). Fiquei, pois, a saber que o Estoril Open é no Jamor e que para além do passeio marítimo de Oeiras há outros sítios para estimular o corpo nesta área quase metropolitana de Lisboa.

Palavra muito em voga

Especulação