Tuesday, October 26, 2010

Boujour Suiça



Meus caros, estou de volta para relatar uma viagem que fiz recentemente à Suíça. Sempre tive dificuldade em perceber o porquê deste país europeu ser anti-europeísta, mas quando lá chegamos percebemos de rompante ao sentir uma atmosfera bem diferente e sui generis. Há até quem diga que é do próprio ar que se respira, com menos oxigénio por causa da altitude, característica genética dos Alpes. Mas, claro está, não é só isso pois quando chegamos à cidade o corpo não ressente sequer a pressão dos Alpes (que avistamos a olho nu, de qualquer ponto).
Genébra. Sim Genébra! É fria, tem aquele clima cerrado da Europa Central, e é isso mesmo: um ponto no meio de um velho continente - geoestratégico. Aqui temos a sensação de estar a aprender os costumes de vários países. França e Itália podem ser pertíssimo – 2 horas - Lion e Turim respectivamente.
Dos restaurantes onde estive saem pratos de peixe e marisco, massa e risotto, carne de caça, patê como prato principal e foundue de queijo - apesar de várias tentativas
falhadas de prova deste último.
Num país onde o ordenado mínimo é de 3.200 francos suíços, ou seja 2.400 euros aproximadamente, a expressão “vive-se bem” é muito comum entre suíços e emigrantes portugueses.
Ora "viver bem" em suiço significa que cada pessoa do escalão mínimo pode pagar um pequeno estúdio, as contas do mês e um carro normal. Ao contrário do “tuga” que já se sabe espera sempre pelo modelito topo de gama, mesmo que mais de metade do seu vencimento vá para os cofres dos bancos e que deixe de ter dinheiro para os bens de primeira necessidade, como comer, beber e educação. Lá está mais uma série de premissas que contribuem para a crise portuguesa considerada psicossomática.
Numa manhã de Outubro, a mais de 2 mil metros de altitude, já neva nas montanhas do cantão de Genebra. Um sítio a verde e branco. Nunca vi um verde assim tão vivo! Aqui os animais deixam de ser apenas um design de uma tablete de chocolate suíço. As formas pontiagudas do topo dos Alpes são altamente assustadoras e bonitas. Por incrível que possa parecer existem Homens, ou aventureiros destemidos, que escalam até ao cume. Também é verdade que a neve nunca, até então, me despertou a atenção. Bastou estar na envolvência de tamanha montanha para me sentir contagiada por esse espírito de adrenalina... que fraca que sou!
De volta à cidade. O lago Lemano é o segundo maior da Europa e banha Genébra. A rua do "Rhone" encerra o top das marcas mais luxuosas do mundo: Dior, Bulgari, Hermès, Rolex, Piaget, exemplos de uma longa lista. No interior de uma dessas "boutiques" está uma luso-descendente a experimentar jóias. Ela ocupa um lugar na direcção de um jornal diário de Genébra. Nem se lhe nota o sotaque comentam as colaboradoras da loja. Da pequena conversa fiquei a saber que vai ser uma espécie de embaixadora de uma marca de jóias para um jantar importante no meio. E não é que sabe bem ouvir estas histórias de portugueses de sucesso pelo mundo!
Se todos vivem bem , a cidade tem uma cara limpa, andar de bicicleta com menos 2 graus quando o relógio está apenas nas 9h é normal, tanto quanto o inverno rigoroso de 8 meses. Então nenhum português de gema deixa o país dos relógios, de departamentos das Nações Unidas, do chocolate, do dinheiro, da relação bem-medida do que se ganha com o que se gasta. Antes pelo contrário, mais pessoas querem voltar à Suiça que se faz nos Alpes.

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