Ponto número um: a questão é que quem o inventou com certeza que gostava muito mais do Carnaval do que eu, essa festa onde os mais foliões se disfarçam como querem e encarnam personagens, umas mais mitológicas outras mais cinematográficas, objectos de consumo, de observação, enfim.
Esta expressão “a vida são dois dias e o Carnaval três” dá a entender que a vida é curta demais, e, por conseguinte, deveríamos aproveitar a euforia do Carnaval, os três dias, leia-se domingo, segunda e terça-feira, vivendo sempre com esse estado de alma.
Ora chegamos a uma certa idade em que fantasiarmo-nos por fantasiar, por obrigação e porque é Carnaval não faz parte dos nossos planos, gostamos mais de usar disfarces em festas temáticas. Ou mil vezes seguir um code-dress.
Ponto número dois: A vida só faz sentido se for encarada como sendo maior do que dois dias. A vida é uma etapa onde somos eternamente estagiários nela, ou seja, ela é a nossa única detentora, digamos assim, em termos metafísicos, mas a retribuição por ela nos conceder este período experimental é a responsabilidade e o proveito que desta advém. Se nunca houvesse o lado sério da vida como iríamos saborear o lado carnavalesco? Já pensaram que os nossos momentos aprazíveis só o são porque fazemos uso da emoção muito mais do que a razão? Bom, bom é ter a medida certa destas duas condições em que se divide o pensamento cognitivo.
Sucede que nem sempre é possível aliar a razão à emoção. Na prática quando juntamos sentimentos emocionais ao trabalho, a negociações ou ao estudo alguma coisa corre mal, o sangue começa a ferver e a subir-nos facilmente à cabeça, e por isso falamos o que não queríamos e agimos inadvertidamente. Tento não fazê-lo. Tento separar sempre “as águas” para não perder coisas/pessoas importantes por firmeza e frontalidade num debate.
A emoção. O seu espaço no nosso quotidiano é imprescindível, tem de ter sempre lugar, porque é aí onde eu acredito que reside o nosso carácter, o nosso ímpeto, a nossa individualidade; a razão é o meio que temos para chegar a um fim, ou seja , é crucial para atingirmos metas.
O Carnaval é emoção; a vida é razão.
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